monólogo interior


dilacero meu umbigo e arrasto meu inimigo pelos quartos ensolarados e incendeio minha língua no carvão dos textos e bagunço as gavetas da pele rabiscando um livro e tenho um sonho lindo que não cabe na mão fechada e aparo os dedos que crescem como grama e deixo a lua pela última sombra que não assusta meu nome e eu enterro dentes nos bolsos de minha saia e abro a memória como a carne de tuas idéias e as frutas vermelhas sob o sol e jogo as flores sobre as estrelas caídas da anunciação e festejo o sorriso que rasga a paisagem e adubo a imagem da praia vagando pela cidade e corro em cima das pedras do aquário de ontem e bebo as imagens sonolentas da televisão e perco a fala no circo de tua morte e desfaço o terreno do desejo ordinário e imito o cristo que some e consumo as vésperas do abraço contra o fogo e afago as noites cerradas ao meio e amo as posições sublunares e devoro as lamentações do futuro e fraturo a cabeça das teorias e rasgo a página de letras mortas e morro nas virtudes da morna terra e erro nas ruas inventadas e recrio o rio violento das minhas pálpebras e inundo a sala de sons graves e gravo as narrativas sob as árvores da utopia e meto o cotovelo na origem do mundo e mudo as almas de lugar e ligo as máquinas do teu nascimento e na sequencia aqueço as navalhas do esquecimento e fujo do castelo das neblinas e nado para os dias distantes da infância e faço as letras da música surda e nego às entranhas o calor da cama e ofereço ao tempo os espíritos da faca e sujo os lábios no sal das brigas e brando a temperatura da fonte e fumo a alegria das manhãs anunciadas pelo silêncio.

Comentários

Pankada disse…
Caramba, numa paulada só. Lindo. Muito bom querida. Beijo.
Landinho disse…
Oi Fabiana. Vc coloca a sua foto aqui me deixa doidinho. Vai ser bonita lá em casa. kkkkk

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